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sábado, outubro 13, 2007

Cá estou de volta depois de uns dias de ausência... novamente na ilha... novamente cercado de água por todos os lados...

Estou sentado, completamente absorto nos meus pensamentos. O meu olhar desprende-se nesta janela que é o mar.


Hoje está um belo dia, um dia quente de verão, embora estejamos já em pleno Outono. A temperatura está amena, o céu de um azul perfeito, praticamente limpo, com apenas uma nuvem ora aqui ora acolá. Os pássaros cantam uma doce melodia, talvez com a ilusão de que o frio este ano não chega...

Entretanto, uma gaivota, sobrevoa o enquadramento da minha “janela”. E como voa a ave, como o seu voo é magnífico! Como ela brinca com a leve brisa que paira no ar! Como ela desfruta da liberdade que possui, como ela cheira os doces aromas do ar que paira! E meu deus, como ela parece feliz! Cresce dentro de mim uma inveja! Inveja do que a gaivota possui! Ela tem o mundo a seus pés!

De repente sinto uma enorme vontade de partir, sem nenhum rumo, tal e qual como a gaivota. Apetece-me andar ao sabor do vento e quando ele mudar eu mudo o meu rumo também. Apetece-me quebrar o velho ditado, apetece-me ter aquela liberdade sem quaisquer tipos de responsabilidades! Apetece-me seguir ao sabor das marés! Apetece-me viver à minha maneira! Apetece-me, apetece-me...Infelizmente nem todos os apetites podem ser alimentados.

Tenho responsabilidades, objectivos, pessoas que amo [apesar de longe de mim]. Não posso partir e fazer a minha desejada e infinita viagem. Não posso ir à busca de todos os sabores e dissabores que este mundo tem para oferecer! Um mundo tão grande, tão belo, tão magnífico e nunca o poderei conhecer como tanto anseio!

Sei que este desejo é loucura! Sei que não passa de um sonho! E no entanto apetece-me com todas as minhas forças, largar tudo e seguir lado a lado com o vento, com a gaivota! Simplesmente apetece-me!




Adaptação de HM a um excerto de Fernão Capelo Gaivota...