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sábado, outubro 28, 2006

O Dia da Minha Partida

Data marcada...

Já tenho data marcada para a minha partida... não é um adeus é um até já porque eu não gosto de despedidas...

....................
Até já familia...
...............................................Até já amigos...
...............................................................Até já Lisboa...

dia 15-Nov eu vou...

Porque desde 4ª feira (dia em que tomei conhecimento da noticia) não fui capaz de escrever nada ... aqui deixo uma dedicatória à minha família e aos meus amigos que vão comigo no coração...



« Um dia a maioria de nós irá separar-se.

Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos.

Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.

Hoje não tenho mais tanta certeza disso.

Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.

Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos.

Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...

Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro.

Vamo-nos perder no tempo....

Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?"

Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto!

- "Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!"

A saudade vai apertar bem dentro do peito.

Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......

Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.

E, entre lágrima abraçar-nos-emos.

Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.

Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado.

E perder-nos-emos no tempo.....

<< Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades....

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"



Fernando Pessoa


terça-feira, outubro 24, 2006

Esperança...

Sentado diante do mar, deixo a alma vaguear pelas ondas que se formam lá longe e que devagarinho vêm morrer aos meus pés.

O pensamento voa nas asas de uma gaivota que me parece perdida e dou-me conta que sou como ela... Caminho em busca de um rumo que me parece cada vez mais difícil de encontrar; uma rota certa que teimo em não descobrir...

Mas o mar encanta com sua canção e na voz das sereias que se faz ouvir em meu coração, ouço falar de caminhos ladrilhados de ternura, ladeados de sorrisos. Presto atenção ao rugido das ondas e ao grito da gaivota, e entendo que tudo, um dia, acontece... Quem se perde, volta a encontrar-se!

Sigo pela areia descalço e deixo-me envolver pelo vento frio que sopra... Sinto-me vivo!! Olho para o horizonte, para aquele fim do mundo que tanto quero alcançar, e no voo dessa gaivota que não desiste de seguir as correntes, encontro a esperança de um dia lá chegar.

No coração nasce de novo o sonho...

quarta-feira, outubro 18, 2006

Seguir Em Frente... Por mim

Acho que finalmente vou ser capaz de deixar-te partir. Chorar o passado não me levará jamais a lugar algum. A vida é, apercebi-me, como um rio que corre sempre na mesma direcção sem jamais andar para trás.

Ao meu pequeno cais chegam diariamente inúmeros barcos, transportando pessoas que ora me são especiais ora não desempenham mais que um papel de figurantes nos meus dias. Houve uma altura em que quiseste o papel principal nesta peça de teatro em que eu serei o eterno protagonista e também já houve um tempo em que eu quis que o fosses. Infelizmente não coincidiram. O acto chegou ao fim, a cortina caiu e a peça acabou sem palmas. E eu, absorto na falta que me fizeste, não dei pelos aplausos de quem permanecera comigo.

Tu partiste do meu pequeno porto seguro em busca de algo que não encontraste em mim noutras paragens. Agora vagueias à mercê das correntes do rio. Sinceramente não sei se algum dia voltarás e, a cada dia que passa, apercebo-me de que a tua memória e todos os sentimentos que me despertava se esbatem algures dentro de mim.
A cada dia deste jovem Outono que ainda agora começou dou-me conta dos pequenos pormenores que são meus e que me alegram...

A vida é feita de ciclos e, por isso, às vezes também há gente que regressa com a corrente. Tal como não percebo muitas vezes porque soltam as amarras quando partem, também não compreendo o porquê de voltarem a ancorar neste meu cais. E o certo é que, de momento, não me interessa. O que eu sei é que, aos poucos, estas pessoas e outras novas que cheguem vão ocupando o vazio que deixaste na minha vida... e quem sabe não chegará em breve alguém para preencher o lugar que deixaste vago no meu coração...

No fundo eu só quero amar. Quero amar e ser amado, não por aquilo que queiram ver em mim, mas por aquilo que sou cá dentro e que nunca muda. Quero um amor daqueles que vencem mil e uma adversidades e vivem felizes para sempre. Quero olhar para trás ao fim da vida e poder dizer que amei de todo o meu coração e que não podia ter sido mais feliz. Um dia pensei poder compartilhá-lo contigo, mas, ao que parece, era simplesmente algo que não estava destinado a acontecer. Perdi uma oportunidade única talvez, mas outras virão, com outra pessoa que me consiga tocar de maneira mais profunda. Quem sabe essa pessoa já não tarda? Quem sabe se já não chegou? Quem sabe não partiu e vai regressar? Só o tempo... e eu, por ora, não tenho pressa para nada senão para ser feliz, vivendo um dia de cada vez à espera de um momento que, cedo ou tarde, vai chegar e mudar a minha vida para sempre...

sexta-feira, outubro 13, 2006

Amanhecer da Janela

Ao passo que a lua num gesto de orgulho
Teima em ceder seu lugar ao sol,
A noite foge com o seu manto negro
Para um lugar indefinido, para longe de mim.

O dia amanheceu preguiçoso,
A claridade ainda empurra as brumas
Que cobrem por completo a serra,
Sintra hoje não se vê da minha janela...

Abro a janela e a brisa vem ter comigo
Sopra suavemente, causando arrepios
E no seu ímpeto de espalhar o amor
Cria movimento e acorda o mundo...

...Eu acordo!

Novas esperanças surgirão no horizonte,
Novos castelos ergui esta noite nos sonhos.
Onde não existem impossíveis
Onde estes são frágeis barreiras,
Diluídas pela vontade que brota do interior.

É mais um mundo que irá nascer,
Cheio de sentimento, repleto de cores,
Onde a nostalgia não existirá,
Onde o jardim da vida estará à nossa espera,
Com a sua beleza, com a sua luz...

O quotidiano frenético e agitado da cidade
Será absorvido pelos semblantes sorridentes,
Pela alegria da partilha de mais um dia,
Onde não haverá ódios nem ressentimentos,
Mas sim uma nova oportunidade para amar e ser feliz...

...Que seja assim este novo amanhecer!

sábado, outubro 07, 2006

No Silêncio da Noite...

O sol poente despede-se lentamente,
Aos poucos as estrelas aparecem no silêncio.
Neste mar de estrelas...
Sinto-me menor que um grão de areia,
Uma pequena partícula do Universo.

Os minutos passam vagarosamente...
O vento sussurra aos meus ouvidos,
Zumbidos ecoam na noite,
Murmúrios escondidos.
Apenas os sons me acompanham,
Sons rasteiros, sons voadores
Ecos de cantos, vozes, uivos ferozes...
Não causam mais tremores do que todas as minhas dores!

As horas passam tortuosamente...
Até os sons da noite já me deixaram.
Apenas as folhas caem sem destino pela noite dentro...
O silêncio traz-me profundas recordações!
E ela não vem...
"Oh Lua, passa por aqui!
Olha o meu coração, leva para fora a tristeza
Acaba com a solidão."

As horas continuam a "arrastar-se" pelo tempo...
No silêncio da solidão,
O som de uma lágrima cai lentamente
Rolando pelo meu rosto.
A Lua, surge por fim, detrás das nuvens,
Vem amenizar o meu sofrimento,
Vem tranquilizar o meu coração...
Acalmar os meus pensamentos.
Finalmente deixei de estar só.

Conto-lhe tudo o que me vai na alma,
Os meus medos e segredos,
Os meus sonhos e fantasias,
Liberto o meu coração durante horas a fio...

Até que a noite termina...
As nuvens surgem novamente,
A noite desaparece no horizonte
Rompe o primeiro raio de sol.
E o sol que me olha com vontade de acolher
Resiste a contemplar a natureza que brilha.
A lua ainda paira no céu
Dizendo em tom de despedida:
"Adeus! Vou-me agora
Para propiciar nova aurora!"
Olho-a triste e digo:
"Adeus! Até à próxima aurora,
Vou voltar à minha solidão..."

"Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão."
Vinicius de Moraes